Constelação Familiar
- Psi Marcelo Homem de Melo
- 13 de mar. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 19 de mar. de 2019
Este texto eu dedico a minha amiga Rose que sugeriu quando pedi sugestões para textos relacionados com a psicologia. É um texto mais longo, pois o assunto é complexo e extenso, mesmo assim é superficial frente ao grande conteúdo.
Primeiramente eu quero explicar que a Constelação Familiar, também conhecida como Constelação Familiar Sistêmica, não é uma atividade exclusiva de psicólogos e por isso ainda não é pautada pelas regras do Conselho Federal de Psicologia – CRP. O que não significa que não seja praticada por psicólogos, e quando feito dessa forma, acredito eu, é um ótimo complemento para o processo terapêutico.

Mas o que é a Constelação Familiar Sistêmica? De onde veio essa técnica? Surte resultados?
Neste texto tentarei explicar um pouco sobre essas questões.
A Constelação Familiar Sistêmica é um método criado e difundido por Bert Hellinger, um psicoterapeuta alemão, tem bases no psicodrama, mas não pode ser enquadrado em uma psicoterapia.
É uma atividade relativamente nova que foi formulada através das experiências de Bert Hellinger.
A abordagem apresenta uma vasta gama de aplicações práticas devido aos seus efeitos esclarecedores no campo das relações humanas, como:
· melhoria das relações familiares.
· melhoria das relações interpessoais nas empresas.
· melhoria das relações no ambiente educacional.
Tais aplicações deram início a abordagens derivadas, denominadas de constelações familiares, constelações organizacionais e pedagogia sistêmica.
Seria muito difícil, em um texto, conseguir explicar toda a gama de aplicações e como são feitas essas aplicações práticas, mas de uma forma geral falarei um pouco, e rápido, sobre como é feita a Constelação Familiar Sistêmica.
Basicamente, de forma simples, a Constelação Familiar é um método muito simples. Consiste na colocação, pelo cliente (pessoa que está fazendo a Constelação Familiar), de pessoas que estão acompanhando o processo em um espaço vazio, pode ser uma parte de uma sala, de acordo com suas mútuas relações, pessoas significativas à questão ou necessidade apresentada por ele. Serão representadas pessoas mais íntimas de sua família de origem, ele próprio, seus pais e irmãos.
Na Constelação Familiar são sempre contadas bebês nascidos mortos ou abortos, família extensa como padrastos e madrastas, filhos de outros casamentos dos pais ou seja, todos que de uma forma ou de outra constituem a família do cliente, mesmo que essas pessoas não tenham contato ou já tenham morrido.
Todo esse processo ocorre após o cliente ter uma conversa rápida com o constelador, que pode ser um psicólogo ou outra pessoa que tenha feito um curso sobre Constelação Familiar. Neste contato o cliente diz qual é o problema que quer tentar resolver, então o constelador vai solicitando que o cliente escolha uma pessoa, dentre as que estão assistindo a constelação, e diz qual papel essa pessoa terá no processo. Então o cliente escolhe a pessoa e a posiciona onde ela acha melhor, no espaço reservado para a constelação e assim por diante.
O que é mais estranho para os céticos, e o ponto para a descrença frente a esse método, é que as pessoas que estão representando não se conhecem e nem conhecem a pessoa que está fazendo a Constelação (chamamos de constelando), e de uma forma anímica - que diz respeito à alma ou próprio desta. Relacionado com a parte imaterial do homem, com o espírito. Próprio da vida, das manifestações corporais – conseguem sentir e na maioria das vezes se emocionam durante a constelação, já que o constelador vai fazendo algumas perguntas referente ao tema que o constelando disse e algumas vezes reposicionando para que os problemas sejam resolvidos. Em alguns casos o constelador faz perguntas para o constelando ou pede para que alguém que esteja representando diga alguma coisa. É importante dizer que não é uma peça de teatro, pois utiliza mais as posições e as pessoas que estão representando só falam quando é solicitado, mas elas tem a liberdade de se movimentar frente ao que estão sentindo.
Para finalizar vou relatar um exemplo retirado do Livro A Prática das Constelações Familiares – Bases e Procedimentos. De Jakob Robert Schneider.
Um exemplo: o medo de falar em público
Num curso deformação para psicoterapeutas, um cliente foi convidado para demonstrar o trabalho com as constelações familiares. Quando o interroguei sobre o seu problema, ele respondeu: “Trabalho como gerente de uma empresa e com frequência preciso falar diante de grandes grupos. Apesar de ser muito reconhecido e bem-sucedido em meu trabalho, sinto muito medo e sofrimento durante a minha exposição. Presumo que os ouvintes não se apercebem disso, mas fico suando. Às vezes o medo é tão grande que procuro evitar compromissos de palestras. Quando lhe pedi para esclarecer esses medos, ele me respondeu: “Não consigo precisar melhor. É como um medo surdo de que algo terrível venha a acontecer.”
Aquele homem de meia-idade e boa aparência não conseguia lembrar-se de nenhuma vivência pessoal que poderia ter provocado esses medos. Era feliz em seu casamento e tinha dois filhos pequenos. Também se entendia bem com a mãe e o falecido pai. Na tentativa de livrar-se de seus medos, tinha frequentado por vários meses uma terapia, que lhe fez bem mas não aliviou o sintoma. Agora ele tinha vindo ao meu curso na intenção de apresentar o problema. Perguntado sobre possíveis ocorrências funestas em sua família de origem, inicialmente não deu nenhuma informação relevante. Diante de sua necessidade e da seriedade de sua questão, pedi-lhe que escolhesse no grupo representantes para seu pai, sua mãe e para si mesmo e, seguindo o próprio sentimento, os posicionasse em suas relações recíprocas. Ele colocou inicialmente seu pai, a seguir o seu próprio representante, a alguma distância do pai e, finalmente, a mãe, um pouco à parte, virada para o pai. O pai, desde que foi ali posicionado, olhava para o chão, com uma expressão ausente e sem conexão com a esposa e o filho. Numa constelação, quando alguém olha para o chão, isso significa geralmente que está olhando para um túmulo ou para um morto. Perguntei então ao cliente: “O que aconteceu ao pai do seu pai?” O homem respondeu: “Meu avô morreu cedo, quando meu pai ainda era pequeno. Minha avó criou sozinha as crianças. ” Quando lhe pedi que colocasse em cena um representante para o seu avô, ele o colocou ao lado do pai. Este, sem levantar o olhar, afastou-se alguns passos e virou-se para uma janela. O avô inicialmente ficou imóvel, olhando o neto, que sentia calafrios e parecia totalmente enfeitiçado por seu avô. Então o avô repetiu algumas vezes um estranho gesto, passando as mãos pelo rosto e jogando a cabeça para trás. Perguntado sobre o que fazia com as mãos, respondeu: “Não sei, é como se algo voasse nos meus olhos e me arrancasse a cabeça”.
Quando perguntei ao cliente se essa reação lhe despertava alguma coisa, ele respondeu abalado: “Meu pai nunca falou de seu pai, mas minha mãe me contou, certa vez, que meu avô antes da guerra era instrutor no exército e que, certa vez, ao demonstrar como se armava uma granada, ela explodiu em suas mãos, matando-o”. Quando o cliente acabou de contar o destino do avô, o pai na constelação se lançou nos braços do avô, chorando desconsoladamente. Como um rio represado, liberou-se uma dor profunda, que estava, por assim dizer, congelada em toda a família do pai, diante daquela ocorrência terrível e de suas consequências. Então olhei para o homem e lhe disse: “Seu medo provavelmente está associado a isso, que algo terrível possa acontecer durante a sua palestra, como aconteceu ao seu avô, diante de sua tropa.” Pedi-lhe que entrasse na constelação, em lugar de seu representante e se aproximasse do pai e do avô. Os três se abraçaram ternamente. Um evidente alívio perpassou todo o grupo de formação, e o cliente se mostrou muito aliviado.
Este é um exemplo do modo de lidar com a necessidade do cliente nas constelações e do que as toma tão atraentes para tanta gente. Nelas acontece, em pouco tempo, algo visível e imediatamente compreensível, que toca uma necessidade pessoal, inserindo-a num contexto essencial de fatos e relações, de maneira clara e frequentemente liberadora.
Esse exemplo ilustra bem o que foi escrito neste texto.
Como psicólogo acredito que a união da Constelação Familiar em conjunto com a terapia pode trazer ótimos benefícios, para que, com a Constelação Familiar, as angústias e dúvidas decorrente possam ser trabalhadas e exploradas na terapia.
Um Grande Abraço
Bert Hellinger, Constelação Familiar,
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